Marcelo Loss – Concreto

Marcelo Loss, kara gente fina taí. Mestre do baixo e da voz, mestre em simplicidade. Kara amigo e sincero. Marcelo representa a garra da música pesada, em sua pele, em seu sangue. Imprime uma pressão alucinante com o pulsar de sua marcação no baixo, e com o poder de sua voz e suas letras, e em duetos marcantes com o guitarrista Túlio.

 

Por Casito

Qual a maior dificuldade que as bandas enfrentam atualmente?

A maior dificuldade pra uma banda de rock independente ainda é viver da própria música. Apesar das facilidades de divulgação, produção e gravação dos dias de hoje, os membros das bandas ainda precisam ter atividades paralelas para sobreviver.

A tecnologia faz diferença no som da banda?

Acho que não diretamente no som. É claro que as gravações que fazemos hoje têm uma qualidade bem melhor do que as que fazíamos na década de 90, mas a essência permanece a mesma.

Qual a importância das letras na sua opinião? O público se interessa pelas letras?

Acho a letra parte fundamental de uma música. Até por isso sempre apostamos em cantar em nossa língua pátria, o português. Mesmo em nossas turnês pra fora do país continuamos cantando em português. Nesse caso, o público estrangeiro perde parte significativa da música, já que não entende a letra, mas nosso foco sempre foi o público brasileiro.

Qual a maior satisfação que você teve com música até hoje? Foi embaixo do palco ou em cima do palco – ou no backstage?

Foram vários momentos impagáveis ao longo de todos esses anos. Destacaria conhecer um dos meus maiores ídolos, DIO, quando abrimos pra ele, além de tocar com o Vinny Appice e ter o cara tocando batera em nosso EP. Viajar para outro país por causa da nossa música também é mais um sonho realizado.

A busca por um som diferente é uma constante?

Acho que não muito. Ao longo desses anos já sabemos o tipo de som que gostamos e queremos fazer. Claro que amadurecemos e sofremos novas influências com o tempo. Mas ainda fazemos músicas que gostamos de ouvir e, sinceramente, não vejo muita diferença entre A Fila, lançada em um Picture Disc em 1994 e O Infinito, que sairá no próximo EP, 23 anos depois.

Qual a melhor maneira de entender o que acontece no mundo underground?

Precisamos estar ligados no que acontece. Ir a shows, ouvir novas bandas, nos relacionar com os músicos da cena. Quem se fecha no seu próprio casulo fica pra trás.

Qual o seu envolvimento com a cena atualmente?

Apesar de não ter muito tempo, gosto de ir a shows e ver o que rola pela cidade. Com filho pequeno e muitos leões para matar por dia, aproveito os dias livres para descansar, mas não deixo de participar dos eventos que me interessam e trocar ideia com outros representantes da cena.

Quais estilos e bandas merecem a sua atenção hoje em dia?

Cara, escuto de tudo. Blues, todos os seguimentos do rock e do metal, mpb. Gosto de ouvir o que ando rolando e adoro revisitar as velharias. Pra mim existem dois tipos de música, a boa e a ruim. E isso independe do estilo.

O que você ouve de metal nacional?

Gosto de ouvir as bandas dos meus amigos, ver o som que eles estão tirando. Recentemente curti muito o novo do Eminence, o cd do Cracked Skull. Também gostei do novo do Sepultura. Acho que a banda não é mais aquela do início, e nem poderia ser, mas ainda acho que os caras fazem um som relevante.

Em 10 anos, ainda estaremos aqui?

Ah, com certeza!! Nós, como seres humanos vivos, eu não sei. Mas nossa obra pode apostar que sim!

O que pode mudar para melhor nos eventos que os produtores nacionais oferecem para as nossas bandas?

Acho que os produtores nacionais ainda pecam muito na estrutura oferecidas às bandas. Sei que não é fácil fazer um evento rentável, mas sem um som, palco e luz de qualidade não dá nem para começar..

O rock ainda têm o poder de transformar mentalidades e efetivar mudanças sociais e políticas duradouras?

Certamente! O rock, assim como a música e a arte em geral são ferramentas poderosíssimas de transformação social. Ele atinge o coração e a alma das pessoas e pode acarretar mudanças que poucos discursos conseguiriam.

Livros são fontes de inspiração para músicas?

Para mim sim! Adoro ler. Sempre gostei, leio de tudo. Sem dúvida isso me inspira quando vou escrever minhas letras.

Quais livros fizeram a sua cabeça?

Gosto dos clássicos como Machado de Assis, José de Alencar, Érico Veríssimo. Também me marcaram muito livros como Cem Anos de Solidão. Viajo em Guimarães Rosa e seu linguajar mais que peculiar.. Puts.. foram tantos livros bons, daqueles que bate uma tristeza quando a gente chega ao fim.

O que falta no Metal Nacional?

Falta apoio da mídia, dos órgãos públicos e até do próprio público, que após anos de “emburrecimento cultural” acaba se acomodando. Qualidade temos de sobra.

Banda favorita de todos os tempos e estilos?

Se for citar uma fico com Black Sabbath. Mas preciso dizer que os Beatles foram a base de toda música pop que veio depois, do dance music ao metal.

Qual CD você daria de presente para o seu pior inimigo?

O meu mesmo. Aí como diria o velho Zagalo, ele teria que me aguentar!!!

Cerveja, água, tequila, whisky, suco, cachaça, refri?

Onde? Quero!! Dessa lista só não bebo refri, afinal drogas tô fora! O resto é só me convidar.

Quem é você fora da cena?

Um cara normal, que acorda cedo, cuida do filho, paga as contas.. Gosto de tomar minha cerveja, gosto da minha corrida diária, gosto do Slayer, gosto do Sinatra… Curto estar com meus amigos e com minha família. Odeio Bolsonaro, Temer e afins.. Enfim, uma cara normal!

E o Karai?

O Karai é vida! Sem ele a parada fica muito sem graça.

Desce a lenha no que quiser. Seu espaço para digna indignação, protesto e o que mais precisar falar! Agradecemos pela confiança no Karai!

Em nome do Concreto agradeço o convite para fazer parte desse time! Força ao Karai! Atitudes assim, de união e parceria, são fundamentais pra cena. Ninguém constrói nada sozinho. Muito bom poder ajudar a construir essa história do Karai!!! Grande abraço a todos.

 

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