Reinaldo Resan – Insulter

Reinaldinho por Karai

Reinaldinho é um kara que luta pelo que quer. As soluções para os problemas não aparecem? Ele vai lá e faz ele mesmo. Insistente, resiliente,  a arte de manter viva uma importante banda dos anos 80 é como se fosse uma missão que não pode falhar. Por tudo que já passou e enfrentou, sabemos que será missão cumprida. Um cara justo e firme, mas não pise em seu calo! Os objetivos do Karai são como os do Reinaldinho! Seremos resilientes como ele, uma importante engrenagem da nossa cena!
Por Eduardo Gordo Davis – Karai

Reinaldo, ou, Reinaldinho para os amigos, já foi conhecido como Necrophiliac, mas nunca gostou do nome pelo significado. Hoje seu nome artístico é Reinaldo Resan (a pronúncia certa é Ressan – o San é a abreviatura do seu sobrenome – Santana). Guitarra e vocais na banda Insulter, ainda acumula várias outras funções, coisa corriqueira no underground, como cuidar das páginas sociais da banda e “empresariar” a mesma financeira e executivamente.
“Apenas quem tem banda vai entender mas é importante dizer que tocar no Insulter ou ter uma banda no Brasil não é uma tarefa fácil, além de todas as dificuldades de ter uma banda, com coisas simples como marcar um ensaio até a gravação de álbuns, ainda sacrificamos parte do pouco tempo que temos para passar com nossos filhos e familiares para nos dedicarmos a nossos sonhos, que nem são tão grandes mas nos fazem ser o que somos, a vida não é fácil mas sem o Insulter seria bem mais difícil!” – Reinaldo Resan

Falando um pouco sobre o passado, quais são as melhores memórias de quando começou a tocar?

A música pesada me possibilitou fazer amizade com pessoas completamente fora do meu meio social que se resumia às pessoas que moravam perto da minha casa e que estudavam comigo. Então pude conhecer pessoas de todos os cantos de BH, do Brasil e do mundo! E tenho grandes amizades por ter decidido trocar minha bike por uma guitarra. Minhas melhores memórias são os amigos que fiz.

Que bandas você ouvia quando começou a tocar?

Quando quis tocar violão a banda que eu escutava era Beatles e eu tinha 6 anos. Em 1982 fique sabendo do Kiss e decidi que queria ter uma banda. Tudo começou com os 4 mascarados, e daí vieram Twisted Sisters, Iron Maiden, Motorhead, Rattus, Venom, VoiVod, Slayer, Destruction, Sodom, Exodus…

 

Você diria que eles foram uma influência em sua música?

Sim, com certeza! Mas tive influências de Chakal também, além de outras bandas punk, hardcore e metal.

 

Qual é a sua banda favorita?

Hoje eu não tenho uma banda favorita, mas pelo que representa na minha vida, eu diria que é o Kiss.

 

Qual é o seu disco favorito deles?

Alive I e II, apesar de ter escutado Creatures Of The Night até “furar” eu também gosto muito de The Elder, então fica difícil escolher apenas um.

 

O que você tem ouvido recentemente?

Basicamente as bandas que escutava nos anos 80, ou seja: Kiss, Motorhead, Iron Maiden, W.A.S.P., e bandas de metal, punk e hardcore.

 

Quais são seus planos para o futuro?

Fazer muitos shows com o Insulter.

 

Você já tocou e viajou com muitas bandas. Com quais mais se divertiu?

Eu fui músico profissional por 15 anos, mas uma das viagens mais loucas que fiz foi para um show do Holocausto e acho que Overdose em Jeceaba. Fomos de trem e o local do show era um “brega”.

 

O metal mudou muito em termos de som e estilo durante esses anos. Quais são as suas impressões?

Eu não tenho escutado coisas novas por uma opção pessoal, porque tudo que escutamos acaba nos influenciando indiretamente e não quero que o Insulter tenha essas influências de sons modernos.

 

O rock ainda têm o poder de transformar mentalidades e efetivar mudanças sociais e políticas duradouras?

Eu não sei. Com toda essa tecnologia e acesso à informações em tempo real, aliado à não renovação dos músicos de protesto pela nova geração, o “vulcão” está ficando meio inativo.

 

Porque o Brasil acabou se transformando no país do sertanejo?

A indústria musical brasileira, dos anos 80 para cá, vem apostando numa massificação do público e em um imediatismo, através de músicos e músicas descartáveis, onde o maior objetivo é o lucro.

 

Como resgatar e promover o metal nacional?

É uma pergunta que venho me fazendo depois que voltei com o Insulter e ainda não obtive resposta. Muita gente ainda tem o saudosismo com os anos 80 e acham que quanto mais underground, melhor! Mas na minha opinião, confundem o underground com uma espécie de amadorismo que me parece ser típico do Brasil; as bandas ainda tem que tocar de graça, como nos anos 80 e ao contrário do que acontece nas Américas do Sul, Central, do Norte, Europa e resto do mundo onde os metalheads vão aos shows e levam o dinheiro para a compra de merchandising das bandas. Aqui ainda é uma coisa rara. Eu sei de bandas que tocam fora do Brasil, recebem cachê, mesmo que um valor pequeno ainda mas recebem, e que ganham uma boa grana com a venda de merchandising, valores muito superiores ao cachê. Acho que falta essa consciência aqui. Entender que é preciso ir aos shows e prestigiar as bandas comprando seus materiais, entender que as bandas não vendem seus merchandising com intuito de obter lucro e sim para bancar a gravação de seus álbuns. Quem compra material das bandas, contribui diretamente para a história delas, porque ter banda de metal no Brasil sempre foi um projeto que consome muito dinheiro dos seus integrantes e muitos fazem isso contra a vontade de seus familiares, que, estando de fora, não entendem o que significa para a gente ter uma banda underground. Nós não fazemos isso por dinheiro mas faríamos bem mais se os metalheads comparecessem aos shows de metal como nos anos 80 e comprassem os merchandising das bandas, mais discos e mais materiais de divulgação das bandas seriam lançados.

 

O que você tem a dizer para quem deseja sair do armário dos instrumentos empoeirando e quer viver de música?

Geralmente uma banda é formada por amigos, eu sugiro que tenham uma visão empresarial do projeto, onde fique bem claro desde o começo o que cada um fará na banda além de tocar seu instrumento ou cantar, que exista um comprometimento de cada um com suas funções, que estabeleçam metas de curto, médio e longo prazo, que façam reuniões para ver se as metas estão sendo cumpridas e o que é preciso para que sejam. É que entendam que um amigo que não esteja fazendo a sua parte deve ser tirado da banda porque muitas bandas acabaram porque um de seus integrantes acabou desanimando os outros e mesmo com todas as dificuldades, uma banda deve ter uma visão profissional do seu trabalho ou se inspirar em alguma banda que conseguiu e consegue viver do seu trabalho. Temos vários exemplos que provam que isso é difícil mas é possível. Sepultura, Angra e Krisiun são as primeiras bandas que lembramos mas temos bandas como Nervochaos e as meninas do Nervosa que estão fazendo um trabalho que mostra um caminho a ser seguido.

 

Reinaldo Resan

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