Rodrigo – Holocausto – Certo Porcos! – Bode Preto

Rodrigo por Karai

 

Rodrigo vive “em música”. Todos os tipos de sons o atraem e ele os leva para o caminho que ninguém espera. O resultado é sempre uma ótima surpresa. Dele, não espere o esperado. Monotonia não existe, sanidade em conceito alternativo. Rodrigo é um kara simples, direto e constantemente tem a visão de um ponto de vista inédito. Um guerreiro da música que busca todas as influências possíveis dentro e fora dela. Imaginamos que seja impossível tirar esse kara do seu nível de humor, sempre alto. Quem não gostaria de compreender tudo o que se passa em seu cérebro? Rodrigo compreende e por isso o natural é um pouco fora do que todos entendem como realidade. Bater um papo com Rodrigo faz com que novas percepções apareçam e uma árvore de assuntos novos entram na fila para ler, pesquisar e pensar. Uma pessoa chave da cena de BH desde o princípio, é o agente agregador de gerações e grupos. Um orgulho para nós participarmos e acompanharmos de perto seus trabalhos. ‘Joga bola, Maradona!’
Por Eduardo Gordo Davis – Karai

 

Falando um pouco sobre o passado, quais são as melhores memórias de quando começou a tocar?

 

O que me vem a memória é justamente que quando resolvi tocar não sabia tocar nenhum instrumento, quando resolvemos montar uma banda, eu e o Valério (Exterminator) guitarrista do Holocausto, eu só entrei porque tinha cabelo grande… e demorei muito tempo para abrir a boca nos ensaios, compraram um microfone Leson pra mim e mesmo assim não saia nada… até que um dia os caras da banda perderam a paciência e chamaram outro vocalista para fazer teste… aí disseram: “ou você canta ou está fora!!!”, então foi aí que soltei meu grito mais desesperado direto do esôfago e desde então nunca mais parei de tocar um dia sequer na minha vida.

 

Que bandas você ouvia quando começou a tocar?

 

Primeiro eram as referências na rádio onde ouvia os Beatles e Queen…em casa tinham os discos de MPB do meu pai e no meio deles alguns da Jovem Guarda, Roberto Carlos, os Incríveis e lembro de um do Raul Seixas também…depois passei a ir nos shows na cidade e assistia Reis e a Tropa de Choque, Vigore Gom, Sagrado Inferno e Overdose…depois da explosão do Heavy Metal tive acesso aos discos do Stress e Dorsal Atlântica e ao Punk de SP dos Ratos de Porão e Olho Seco.

 

Você diria que eles foram uma influência em sua música?

 

Totalmente! A memória musical é uma coisa interessante! São acondicionadas em partes diferentes do cérebro, tanto que pessoas que sofrem de amnésia não perdem essas memórias musicais, então com certeza todas essas músicas me influenciam até hoje.

 

O que você tem ouvido recentemente?

 

Ouço de tudo embora nessa vida corrida de hoje não tenha muito tempo para escutar tanta música como gostaria…tenho ouvido umas coisas obscuras como Rudolf Eb.er, Runzelstirn & Gurgelstock, Elliot Sharp, Johan Dalgas Frisch, Pancreas e Gleds Flely.

 

O que você ouve de metal nacional?

 

Totemtabu, Bode Preto, Impurity, Antichrist Hooligans, Preceptor, Sepulchral Voice, Stomachal Corrosion, Test, Deaf kids, Death Slam e Atomic Roar.

 

Quais são seus planos musicais para o próximo ano?

 

Continuar sempre gravando e tocando.

 

O metal mudou muito em termos de som e estilo durante esses anos. Quais são as suas impressões?

 

Vejo como a ordem natural das coisas, adoro o Metal Clássico mas me interesso muito por novos sons e texturas musicais, hoje em dia principalmente de bandas de Black Metal como Alcest, Lantlôs, Triarri, Gegen Gravitation und Willensfreiheit que tentam levar a música a outro campo de percepção.

 

O rock ainda têm o poder de transformar mentalidades e efetivar mudanças sociais e políticas duradouras?

 

No Brasil de hoje falar de mudança social e política duradoura é complicado, mas acredito que por mais pasteurizado, massificado e careta que esteja o rock de hoje sempre tem algumas frestas no muro e é por ali que surgem as ideias novas que podem revolucionar.

 

Como você descreve a cena metal hoje?

 

Muita gente talentosa e muita preguiça também.

 

Como resgatar e promover o metal nacional?

 

Acreditar e fazer! Mão na massa!

 

E o Karai?

 

Vejo com bons olhos pois as pessoas por trás da marca são pessoas sérias e estão nesse meio a muito tempo.

 

O que falta no Brasil para que o artista possa realmente viver de seu trabalho?

 

Realmente talento não é pois temos muita gente talentosa em todas as áreas das artes então o que falta são políticas públicas viabilizando essa arte, não só de artistas consagrados e de massa mas também do underground, pois com certeza é de algum gueto, algum buraco, alguma garagem podre que vai surgir alguma coisa nova.

 

Qual a sua opinião sobre a ditadura musical da atualidade?

 

Enquanto houver ditadura musical também haverá a resistência musical!

 

Quais livros fizeram ou estão fazendo sua cabeça?

 

‘A Queda do Céu’ de Davi Kopenawa e Bruce Albert, biografias musicais diversas e também ‘IBM e o Holocausto’ de Edwin Black.

 

O que você tem a dizer para quem deseja sair do armário dos instrumentos empoeirando e quer viver de música?

 

Não sei se é possível viver exclusivamente de música no terceiro mundo mas com certeza os ingredientes para se tentar são trabalho, amor e abnegação. Sem esperança, sem medo!

Rodrigo

Voltar para ver mais entrevistas em

Share This

Espalhe isso pra nós!

Viralize para seus amigos que vão gostar ou detestar isso! :-p