Vladimir Korg – Chakal, The Mist, The Unabomber Files

Korg por Karai

Se existisse um Paciente Zero no metal mineiro, ele seria o Korg. Atendeu por anos os malucos que gostavam de rock e metal, pacientemente limpando vinis e gravando fitas K7. Ele espalhou o vírus. A probabilidade de alguém do metal não ter escutado algo que passou por Korg em BH é zero.
E ele foi além, muito além. Foi visionário e ajudou a impregnar o Cogumelo com ideias que todos temos que agradecer. Para mim, não é difícil separar o Vladimir do Korg. Os dois são brilhantes. O Vladimir é de uma sabedoria fantástica, simples e direto. O Korg é um maluco racional que pensa na “disgracêra” que o mundo é. Tenta alertar a todos com muita ironia e sarcasmo. Quem já foi a algum show de uma das bandas dele, sabe o que é receber uma tonelada de revolta na cara, só no grito! Generoso, busca fazer parcerias com as pessoas com que se cercou desde o início de sua trajetória. Mestre das letras, aplica a filosofia como poucos, e vê a loucura como ninguém. Parceiro de ideias, letras e de conversas sem pé nem cabeça, é um Kara que merece múltiplas vezes o reconhecimento que tem, que ainda é muito pouco. Por exemplo, tive a honra de escrever a “Headshooting for Dummies” com ele e o Toniolo, além de me dar o desafio de transformar uma loucura lógica em capa de disco. Trabalha muito, lê muito, pensa muito.
O nosso Paciente Zero. Live for Violence, my friend!

por Eduardo Gordo Davis – Karai

 


Resumo:

Vladimir Korg, atualmente na banda The Unabomber Files. Dinossauro do metal, foi letrista e fez os vocais de várias bandas e projetos como Chakal, The Mist, Nut, Ramonna e The Junkie Jesus Freud Project.

Falando um pouco sobre o passado, quais são as melhores memórias de quando começou a tocar?

Tive bons momentos em todos os projetos musicais que participei. Acredito que as melhores memórias é a resposta do público quando estive no palco. Tive muita sorte por conseguir isso muitas vezes. São boas lembranças.

Que bandas você ouvia quando começou a tocar?

Ouvia muitas. Trabalhava em uma loja de discos, então eu ouvia de tudo. Mas as que me influenciaram e me estruturaram como músico foram as bandas de metal que hoje são consideradas clássicas como Slayer, VoiVod, Death, Destruction, Metallica e por assim vai…

O que você tem ouvido recentemente?

Muitas coisas diferentes. Eu sempre estou pesquisando texturas vocais diferentes. Existem vocais, principalmente os chamados guturais, que apenas preenchem uma lacuna na música, outros você vê que houve uma pesquisa de texturas e tal. Tenho ouvido muita música cantada por mulheres. Muita curiosidade pelo estilo gutural feminino como Jinjer, Butcher Babies, I Wrestled a Bear Once e outras coisas que não são tão novas assim mas que para mim foram surpresas agradáveis como Battle of Mice, Kylesa, Mouth of the Architect, Zatokrev, Antigama, Amenra e é claro, não deixo de escutar os antigos.

O que você ouve de metal nacional?

Holocausto, Hatefulmurder, Torture Squad, Ratos de Porão, Sepultura, gosto de Cavalera Conspiracy mas não sei se eles podem ser classificados como metal nacional. Queria ter um leque maior de bandas novas brasileiras.

Quais são seus planos musicais para o próximo ano?

Não tenho a mínima ideia.

O metal mudou muito em termos de som e estilo durante esses anos. Quais são as suas impressões?

Acho normal. Gostaria de ser surpreendido e isso não me acontece ha muito tempo.

O rock ainda têm o poder de transformar mentalidades e efetivar mudanças sociais e políticas duradouras?

Eu preciso acreditar que sim.

Como você descreve a cena metal hoje?

Seria pretensioso da minha parte fazer isso.Acho que as pessoas bebem muita cerveja, não?

Como resgatar e promover o metal nacional?

Que surjam bandas novas. Sair desse discurso que só o que foi feito nos anos oitenta é que é bom.Dar oportunidade para os garotos e que eles tenham coragem de experimentar e não ficar na mesma receita de bolo.

O que falta no Brasil para que o artista possa realmente viver de seu trabalho?

Aquela resposta clichê que todo mundo fala mesmo. Coloca a pergunta no Google e aparecerá a mesma resposta que todo mundo dá. Eu acho que não conseguiria sair disso também.

Qual a sua opinião sobre a ditadura musical da atualidade?

Pão e pães é questão de opiniães. Quando você tem um fone de ouvido, tudo isso morre ao seu redor. A ditadura que você diz é o mercado. A música que é mais tocada é a que vende mais e enquanto ela não se esgotar em si mesma, ela continuará vendendo. Se o sertanejo tem essa capacidade de vender tanto e as pessoas se reconhecem nessa estética corna não tem o que se fazer. O mercado manda. Culpe a Revolução Industrial, Adorno ou se não achar ninguém para culpar, coloque a culpa na Dilma. Que essas pessoas encham o cu de dinheiro e depois quando estiverem nas suas mansões do tamanho do mundo, ouçam Metallica e cortem os pulsos.O pior, eu acho, não é o público corno gostar dessas músicas.O pior deve ser ter que cantar essa coisa todos os dias.
Eu acharia muito chato se o metal fosse assim: vendesse e tocasse em rádio e aparecesse nos programas de televisão com aquelas mulheres rebolando e um idiota chamando o comercial. Prefiro me surpreender de vez em quando vendo um show de uma banda que gosto em um canal de TV do que ver isso toda hora.

Quais livros fizeram ou estão fazendo sua cabeça?

Eu fumei em uma página de uma Bíblia em um hotel. Aquelas mini Bíblias de capa cinza e letras prateadas. As folhas são feitas de um papel muito próximo da seda. A tinta é tóxica, mas…você sabe, a interpretação daquelas palavras pelo homem também é. Acho que foi a única vez que um livro realmente fez, literalmente, a minha cabeça.

Escolha um: toda banda precisa de um filósofo, um psiquiatra, um comediante, um empresário, um engenheiro ou uma Yoko?

Nenhuma das anteriores. Uma banda precisa de músicos e se não for pedir muito, músicos honestos para com a sua arte, por favor.

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